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Mudança de comportamento, irritabilidade, sono extremo e muito desânimo podem ser os primeiros sinais de depressão infantojuvenil, segundo coordenador do departamento de psiquiatria infância e adolescência da Associação Brasileira de Psiquiatria.

A terceira causa de morte entre jovens brasileiros de 15 a 24 anos são as lesões autoprovocadas intencionalmente, com 2.420 mortos em 2020, segundo dados do Ministério da Saúde.

Em primeiro lugar para esta faixa etária, aparecem as agressões, com 16.331 mortes, seguidas dos acidentes de transporte, com 6.450 óbitos.

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Para entender melhor o que está por trás de estatísticas tão preocupantes, o g1 conversou com o médico psiquiatra e coordenador do Departamento de Psiquiatria da Infância e Adolescência da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antônio Alvim Soares, que explicou que as automutilações registradas no triste ranking do Ministério da Saúde podem ser um dos sintomas da depressão na juventude.

A seguir, ele também falou como a depressão se manifesta entre as crianças e jovens e trouxe orientações aos pais.

Principais sinais

Expressão da criança

Para Antônio Alvim Soares, a depressão se manifesta variando de acordo com a idade.

"Primeira coisa que temos que nos atentar é que a depressão varia muito de acordo com a idade. Uma criança de 8, 10 anos, por exemplo, não expressa de forma clara a tristeza que está sentindo, já um adolescente, por volta dos 14 anos, já faz queixas e fica mais evidente perceber os sintomas", disse ele.

Mudança de comportamento

O psiquiatra disse que o primeiro sinal que os responsáveis precisam perceber é o da mudança de comportamento. Uma criança que era alegre e de repente se isola, fica mais no quarto dormindo, representa um alerta.

"A perda de prazer, por exemplo: ela adorava brincar, tomar sorvete, sair com os amigos ou pais e agora não gosta mais, quer dormir, quer ficar mais sozinha, triste em casa. A irritabilidade e alteração no sono são pontos que os pais precisam se atentar".

Pistas nas redes sociais

Soares fez um alerta sobre a importância de observar o que os filhos acessam nas redes sociais.

"Tem que saber o que a criança ou adolescente está postando na internet, qual o tom das legendas, se estão deprimidos, se fazem buscas de famosos que tiraram a vida, isso tudo já indica que algo pode estar errado. A saúde mental dessa faixa etária já vinha piorando mesmo, mas com a pandemia houve aumento significativo e isso é perceptível até hoje nas redes sociais deles", explicou.



Veja os principais sinais segundo o especialista:

Mudança de comportamento
Irritabilidade
Sono excessivo
Desânimo
Perda do prazer em se divertir

Busca por ajuda

O especialista orientou que os responsáveis procurem ajuda médica assim que perceberem os sintomas nos filhos.


"Primeiro de tudo é vencer o nosso preconceito que criança e adolescente não deprime. Eles deprimem sim e não é \'falta de surra\', \'chamar atenção\' – é uma doença. Entendendo isso, é preciso procurar ajuda médica o mais rápido possível", explicou.

Conseguir um especialista em psiquiatria infantil não é fácil – nem na rede pública nem na rede privada de saúde.



"São poucos profissionais especializados, mas não há outro caminho senão a terapia e, às vezes, o medicamento. O tratamento pode durar de 1 ano e meio a dois", contou Soares.

Tratamento pelo SUS

O Ministério da Saúde informou que pessoas com necessidades de tratamento e cuidados específicos em saúde mental podem recebem assistência por meio da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), de forma integral e gratuita, pela rede pública de saúde.

Em nota, o MS explicou que o acolhimento dessas pessoas e seus familiares "é uma estratégia de atenção fundamental para a identificação das necessidades assistenciais, alívio do sofrimento e planejamento de intervenções medicamentosas e terapêuticas, se e quando necessárias, conforme cada caso. Os indivíduos em situações de crise podem ser atendidos em qualquer serviço da Rede de Atenção Psicossocial, formada por várias unidades com finalidades distintas, de forma integral e gratuita, pela rede pública de saúde".



"Os principais atendimentos são realizados nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) que existem no país, onde o usuário recebe atendimento próximo da família com assistência multiprofissional e cuidado terapêutico conforme o quadro de saúde de cada paciente. Nesses locais também há possibilidade de acolhimento noturno e/ou cuidado contínuo em situações de maior complexidade", disse o órgão.

A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) é formada pelos seguintes pontos:

Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) - Unidades que prestam serviços de saúde de caráter aberto e comunitário, constituído por equipe multiprofissional que atua sobre a ótica interdisciplinar e realiza prioritariamente atendimento às pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas, em sua área territorial, seja em situações de crise ou nos processos de reabilitação psicossocial. São substitutivos ao modelo asilar, ou seja, aqueles em que os pacientes deveriam morar (manicômios).
Ambulatórios Multiprofissionais de Saúde Mental - Os Ambulatórios Multiprofissionais de Saúde Mental são serviços compostos por médico psiquiatra, psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, enfermeiro e outros profissionais que atuam no tratamento de pacientes que apresentam transtornos mentais. Esses serviços devem prestar atendimento integrado e multiprofissional, por meio de consultas.

Veja dicas do Ministério da Saúde para a saúde mental em dia:

Jamais se isole
Consulte o médico regularmente
Faça o tratamento terapêutico adequado
Mantenha o físico e o intelectual ativos
Pratique atividades físicas
Tenha alimentação saudável
Reforce os laços familiares e de amizades

Fonte: https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2022/06/04/saiba-como-identificar-sintomas-de-depressao-entre-criancas-e-adolescentes-e-como-buscar-ajuda.ghtml

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